Maria Eugénia Pereira é professora auxiliar do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro. Possui um doutoramento, conferido pela Universidade de Lisboa, em Literatura Francesa, mas, desde então, tem feito investigação em Literaturas Francesa e Portuguesa, em Literatura Comparada e em Cinema. Foi coordenadora da linha de investigação “Perpetuum mobile: Poéticas da errância na literatura e na cultura” do Centro de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade de Aveiro.

Resumo: Ao dizer, logo no seu primeiro livro de poemas, O País dos Outros (1959), “Europeu me dizem”, “mas africano sou” (Knopfli, 2003: 59), Rui Knopfli expressa a busca conflituosa da sua própria identidade, da sua cisão entre os dois espaços da sua autorrepresentação: a Europa e Moçambique. A alma de Rui Knopfli, sempre em vigília, alimenta-se intelectualmente na Europa e emotivamente em Moçambique, e é nesta dupla pertença que ele se entrega à poesia, a um movimento ao mesmo tempo de construção e de desconstrução, de encontro e de desencontro. A sua pátria é, pois, uma ilha feita de versos de língua portuguesa, onde tudo ocorre dentro e fora do espaço territorial, dentro e fora do espaço temporal, pois ela é de uma híbrida e estranha realidade, sendo a água e o vento a infinidade dos seus possíveis.